sábado, 25 de maio de 2013

Triatlo Longo de Aveiro - S. Jacinto

Apenas duas semanas depois do Triatlo de Lisboa chegou a vez de mais um Half-Ironman, desta vez em S. Jacinto. Foram, por isso, duas semanas de repouso ativo com treinos mais curtos, puxando aqui ou ali pela intensidade para manter o corpo apto. O objetivo seria melhorar Lisboa, algo nada fácil dado o recorde pessoal obtido nesse triatlo e o facto de em Aveiro as distâncias serem mesmo as reais (Em Lisboa foram 87km de ciclismo e 20km de corrida, mais ou menos).
Para isso ia tentar aprender com os erros. Ajustei melhor as aerobars e ia controlar melhor a corrida no início para depois no final ainda ter capacidade para puxar.

Natação (1.900m)

 Foto roubada do Facebook do Nuno Carmo

Comecei o segmento de natação da pior maneira possível. Ou seja, apesar de ter chegado bem a horas, quis ir ao quarto-de-banho para poupar algum tempo a meio da prova. Só que tive alguma dificuldade em encontrar o café aberto, pelo que só à última hora é que fui lá. Acabei por chegar à água poucos segundos antes da prova começar e, por isso, fiquei bastante para trás, numa partida estreita e numa altura em que já nado melhor do que muitos daqueles que partem no final do pelotão.
Foi, por isso, uma partida dura, a tentar avançar no meio da multidão e, não conseguindo nadar à velocidade desejada. No final da primeira boia já estava num lugar mais confortável e tentando aproveitar a onda de quem seguia à minha frente. Nessa altura os óculos começaram a embaciar e cada vez que olhava para a frente estava deslocado em relação ao caminho certo. Foi uma prova muito complicada em termos de orientação.
No final da primeira volta sabia estar minimamente dentro do tempo (o relógio vibrou a meio do tempo desejado para o final) e aproveitei para limpar os óculos, perdendo tempo e também ritmo. Na segunda volta já via bem melhor, mas a orientação continuou uma miséria. Sempre que me olhava à volta estava num ponto bem afastado do que queria. Umas vezes estava junto a Aveiro, noutras ia nadando até à Torreira. Há dias assim.
Para me chatear ainda mais, a touca estava sempre a querer sair da cabeça e eu tive que parar para colocá-la duas ou três vezes. Penso que isso se deve ao seguinte:
Quando era pequeno, muitas vezes chegava a casa e dizia à minha mãe:

- Os meus amigos chamaram-me cabeçudo.

Ao qual a minha mãe respondia:

- Não és nada! Agora vai ali à padaria buscar um saco de cimento

- E onde é que eu trago o cimento?

- Na cabeça, claro.
E continuei a achar que não era cabeçudo até que acabei o curso e fui comprar uma cartola. Nesse dia todos os meus colegas ficaram com as respetivas cartolas mas eu não. Tudo porque o meu tamanho não havia e teve que ser encomendado. Quando chegou era mais parecida com um alguidar do que com uma cartola.
E não é que eu seja cabeçudo, mas acho que as toucas deviam ser maiores.
O final da natação ainda custou um bocado, porque ainda faltava um bocado para sair da água depois das bóias da partida.
Acabei por fazer 37:21, pior do que Lisboa, graças aos 2,2km que nadei em lugar dos 1,9km que deveria ter nadado. É incrível que até acabei por fazer um ritmo mais rápido mesmo com paragens a meio pôr touca e óculos. De qualquer forma estava tudo em aberto e nem foi um parcial muito mau.
Fui o 130º em 211, o que acaba por ser demonstração de alguma consistência no segmento.


1ª Transição

  Foto roubada do Facebook do Nuno Carmo

Sinto-me cada vez mais à vontade nestas primeiras transições. Não perco mais tempo num longo do que num Super-sprint e, mais uma vez despachei as coisas em pouco mais de 2 minutos e fui o 42º mais rápido dos tais 211. Aqui o registo.

Ciclismo (90km)

 Saltei para a bicicleta e tentei desde logo imprimir um bom ritmo e não era alguma chuva que caía que me iria atrapalhar, até porque andei já bastantes vezes à chuva e com temperaturas negativa em Inglaterra e aquilo não seria mais duro.
Longe estava eu de imaginar que o Tornado de Oklahoma iria passar primeiro por S. Jacinto antes de seguir o seu caminho para os EUA (maldito bater de asas da borboleta!). E alguns minutos depois era chuva da grossa, era frio e era vento. As mão geladas, os pés gelados e os músculos das pernas gelados. As pulsações baixaram e por muita força que impunha, não conseguia utilizar o motor. Estava frio e não conseguia aquecer.
Apesar de tudo consegui rodar a um ritmo aceitável e as médias a cada 5km das voltas foram sempre acima dos 31 km/h, chegando mesmo a rodar 5 km a 34 km/h.
A meio do segmento o tempo melhorou, mas os meus pés, sobretudo o direito estavam irremediavelmente gelados. Não os sentia, ia tirando dos pedais para melhorar a circulação, mas nada. Era uma parte do meu corpo que tinha desaparecido. As pernas também doíam e começava a ter uma dor aguda no adutor que me fez pensar que não iria aguentar tudo. Para além disso, a posição aerodinâmica era cada vez mais desconfortável e na última volta rodei muitos quilómetros com as mãos cá em cima, pois já não aguentava mais.
Com isso cumpri a segunda metade um pouco mais devagar mas sempre acima dos 30 km/h e terminei em 2:47:52. Mais 2 minutos e meio que em Lisboa mas também mais 2,5km e, por isso em média até fiz melhor, ou seja: 32,1 km/h contra 31,7 km/h.
Fui 126º, ou seja desta vez foi o meu melhor segmento mas também beneficiei de bastantes desistências por causa do tornado.

2ª Transição



Um pouco melhor que em Lisboa, mas também algo lenta. Uma descoberta: o facto de não sentirmos os pés a tocar no chão afecta um  pouco o nosso movimento. Foi mesmo uma sensação estranha com a circulação a chegar lentamente a locais que pareciam nunca antes ensanguentados. Com tanta excitação por os meus pés ressuscitarem ao terceiro segmento, esqueço-me de levar o gel e o boné para a corrida (sim, depois da tempestade vem o sol desgraça-corredores). Registo aqui.

Corrida (21km)




Desta vez nada de ritmos abaixo dos 5 min/km na primeira parte. Vamos devagar e depois acelera-se no fim. Confesso que a corrida é o que menos gosto neste triatlo. Demasiado tempo dentro do quartel onde não entra o público. Felizmente uma alteração relativamente ao ano anterior: 4 voltas em lugar de 5. Gerir 5 voltas é uma tarefa mentalmente desgastante num Half.
Gerir 4 voltas é mais fácil. Uma primeira metade confortável, uma terceira volta critica e uma quarta volta já com a meta à vista.
E foi mais ou menos isso que aconteceu. Não quebrei como o ano passado, mas uma vez mais o ritmo foi caindo lentamente. Ao longo do percurso fazíamos uma reta enorme, correspondente à pista de aviação. Era mais de um quilómetro a terminar numa subida (sim, há subidas em pistas de aviação, aprendi agora) que no final custava imenso.



Arrisquei a provar o gel da organização e até me soube bastante bem, mas senti que estava muito lento para a concorrência. A corrida é definitivamente o meu pior segmento actualmente. Fui passado por muita gente e isso desmoraliza . Na última volta não quis arriscar um aumento de ritmo antes da pista de aviação, por isso só os 2 últimos quilómetros foram mais rápidos (ainda assim acima dos 5:20).
No final 1:52:12, mais 3 segundos que em Lisboa (que regularidade!). Mas também era uma distância maior, pelo que agora fiz uma média de 5:26 por quilómetro e em Lisboa 5:34. De qualquer forma foram menos 5 minutos que na terrível corrida de 2012.
171º Lugar é de facto muito fraco comparando com o que fiz nos outros segmentos.


Conclusão


142º em  211 à partida é um lugar já mais próximo do meio da tabela. 5:22:04 são mais 3:30 que em Lisboa mas as médias que fiz até foram melhores, por isso ficou um sabor agridoce. Há muito que treinar e agora vejo que é na corrida que posso evoluir mais. Até porque se trata também de uma questão de peso. Engordei em Inglaterra, já baixei algum peso (estou bem longe dos máximos desse post), mas ando pouco acima dos 80kg. Tenho que baixar de novo aos 75kg, pelo menos, para melhorar ainda mais os resultados. Um agradecimento ao meu pai pelo apoio e pelo leitão no final (já que falei em perda de peso).

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Lisboa International Triathlon - 2ª Parte

1ª Transição



No ano passado demorei imenso nesta transição. Fui devagar para recuperar o fôlego... e gastei mais de 3 minutos. Desta vez não, era tempo de manter a concentração e fiz uma transição ao nível de um sprint.
Tirar o fato, colocar o capacete e seguir. No meu relógio isso deu 2:28, um tempo perto da realidade pois também só carreguei no botão já depois de umas boas pedaladas. Nos resultados da Federação ainda perdi menos tempo, 1:37, que seria a mais rápida transição com fato de sempre, mas o início da contagem foi algo longe da saída da natação.

Ciclismo



Não fiz nenhum treino acima de 70km durante a preparação para este triatlo, algo comum noutros anos. Mas, por outro lado, ando de bicicleta todos os dias entre casa e trabalho. O que me dá um mínimo de 17km por dia. Esta alteração de rotina iria resultar numa incógnita.
Também comprei umas aero bars, o que traria uma vantagem. Uma vantagem relativa pois nunca treinei com elas (a minha bicicleta principal ficou por cá).
Não quis exagerar no ritmo inicial e tentei manter as pulsações por volta dos 150bpm. Fui passando alguns ciclistas mas também fui ultrapassado pelos outros. A meio da primeira volta (eram quatro), meti a roda pequena à frente e subi com alguma frescura (típica da primeira volta).
Nas zonas planas as aerobars resultavam, sentia-me bem e a cortar o vento (à parte de sentir uma pequena assimetria que tornava a posição do braço direito desconfortável). Ia vendo os meus parciais a cada 5km e estavam sempre abaixo dos 10 minutos, ou seja, a média andava sempre acima dos 30 km/h.



Ao contrário do que estava à espera, as seguintes voltas foram praticamente iguais, em apenas dois parciais de 5km rodei abaixo dos 30 km/h (sempre a subir) e em alguns troços andei bem acima desta velocidade. Cheguei inclusivamente a andar a 36km/h de média entre os 70km  e os 75km. Nunca tinha pensado conseguir isso nesta prova.
Utilizei um gel em cada volta antes da subida, à excepção da primeira e nunca senti fome, ao contrário do ano anterior. Levei um bidão de bebida energética e outro de água. No final estavam quase vazios mas não tive que racionar os líquidos mesmo com o calor que se fazia sentir, sobretudo na subida. No final um tempo fantástico de 2:46:03, bem perto dos 32km/h. Praticamente menos 10 minutos que o ano passado. Incrível.
Comparando com os restantes atletas fui o 186º, um lugar um pouco abaixo da natação, mas ao mesmo nível. Tendo em conta que no ano passado perdi muitos lugares neste segmento, foi uma boa evolução. Muito graças às viagens diárias para o trabalho de bicicleta.

 
2ª Transição

Ao contrário da primeira transição, aqui entrei com mais calma. Era altura de beber pela última vez bebida energética, de recuperar fôlego, colocar um boné e levar o último gel comigo. Demorei 2:19 (um pouco mais na minha contagem), pelo que foi uma transição fraquinha e o meu pior segmento.

Corrida




Quando parti para a corrida, sabia que se não fizesse nenhuma asneira bateria o meu record e faria um tempo abaixo de 5:30:00 com facilidade. Bastava fazer uma meia-maratona em menos de 2:04:00 para alcançar esse objetivo.
Não era pois altura de arriscar. E controlei, tal como o ano passado, a passada pelas pulsações (andar perto das 170 bpm). Em S. Jacinto tinha boas sensações, fui rápido e deitei tudo a perder.
Comecei a um bom ritmo (dois primeiros kms em 4:38 e 4:52), mas tive que ir abrandando de modo a manter o pulso. Andei entre os 5:20 e 5:40 e sofria mais nas zonas de calor, sobretudo uma parte em terra batida sem qualquer abrigo. Os abastecimentos sabiam bem para despejar água pela cabeça abaixo.

Não estava em completo sofrimento, mas não consegui impor um ritmo perto dos 5:00 como desejava. Chegou mesmo a cair algumas vezes para cima dos 5:50 a partir dos 13 km mas alternando com tempos a 5:40. Esta alteração deve-se um pouco à alternância entre partes onde me sentia bem e partes onde me sentia mal (muito devido ao calor), mas também à força que me davam os amigos à medida que ia passando por eles.

No final já não tinha que segurar as pulsações e ainda fiz o último km a 5:33, mas talvez pudesse ter começado a aumentar o ritmo mais cedo. A corrida acabou por ser o melhor segmento, tendo feito um tempo apenas uns segundos melhor que o ano passado. 1:52:09, o 263º melhor tempo, o que me fez perder alguns lugares.


Conclusão

 (retirar 20 minutos e alguns segundos ao tempo já que o relógio corresponde à prova olímpica)

Apesar de ter melhores expectativas em relação à corrida, dados os tempos que fiz nos treinos, este é sem dúvida o meu melhor resultado de sempre. E isso reflectiu-se na classificação num triatlo que até está cheio de estrangeiros. 5:18:34, correspondentes ao 200º em 354 à partida (191º Masculino) e 43º em 66 no meu grupo de idade. Embora ainda não esteja a meio da tabela para lá vou caminhando.
Segue-se outro longo, em S. Jacinto. E o objetivo é fazer ainda melhor!
Um obrigado a toda a claque que tive e que me ajudou imenso ao longo da prova!


quinta-feira, 9 de maio de 2013

Lisboa International Triathlon 2013 (1ª Parte)

O Antes

 Estes últimos meses foram meses de grandes mudanças. Mudei-me para Cambridge no Reino Unido e com isso perdi alguma forma, sobretudo entre Setembro e Dezembro, os primeiros meses. Durante esses tempos acabei por engordar um pouco e quase ter que recomeçar tudo de novo.
Cambridge é um bom sítio para treinar. Tem vários clubes de triatlo e tenho treinado com o principal: Cambridge Triathlon Club. Mesmo assim, a maioria dos meus treinos continuam a ser a solo, o que tem as suas vantagens e desvantagens. A região é terrivelmente plana, com bastante vento e cheia de espaços verdes. Tem igualmente várias piscinas de 25 metros e é por isso fácil nadar. O pior ainda é a temperatura, porque até chove pouco, e já treinei por entre a neve e com temperaturas perto dos -10ºC. Também tenho investido na literatura, e aproveitei as facilidades que se tem no Reino Unido para adquirir livros da Amazon para tentar encontrar os meus pontos fracos e onde posso melhorar.
Os resultados foram bastante bons. Apesar de não ter testado as minhas prestações no ciclismo, nos últimos 2 meses exterminei todos os meus melhores tempos em distâncias acima de 200m na piscina e no meu treino de teste de 20km rolei facilmente a 5:08 (usando a nova técnica de corrida, aterrando na parte da frente do pé) enquanto no ano passado tinha rolado a 5:26.

A Natação

Apercebi-me que estava a tornar-me um típico overglider. Ou seja, extendia demasiado a braçada depois da mão entrar na água e com isso acabava por criar um travão e perder a inércia. Tentei, por isso corrigir este problema, entrando com o braço na água de cotovelo para cima e aumentando a frequência de braçada.
Esta era a minha primeira prova a sério este ano (apenas fiz um suprer-sprint em Alpiarça) e por isso tinha bastantes dúvidas se o sucesso na piscina teria repercussões imediatas em Água Abertas, até porque nesses 300 metros de super-sprint as coisas não tinham corrido nada bem.
Desta vez fui mais para a frente, e mesmo com a confusão de muita gente dentro de água, desde o início consegui respirar a cada 3 braçadas e com preocupação na minha técnica de braçada. E com um ou outro encontrão, uma ou outra cotovelada e um ou outro pontapé, consegui sempre manter o meu ritmo, o meu deslizar e uma sensação de divertimento que até agora parecia impossível dentro de água. Penso ter mantido mais ou menos o mesmo ritmo ao longo do percurso, até porque pus o relógio a vibrar aos 17:30 e nessa altura estava mais ou menos a meio do percurso.
No final estava com uma braçada leve e saí com uma grande diferença em relação ao ano passado, mesmo tendo em conta que parei o relógio já cá em cima, à entrada do parque de transição. Marquei 36:12 e 2km mas terão sido menos de 36 minutos, e melhor ainda que o meu melhor tempo de sempre, em S. Jacinto (35:57). Comparando com o ano passado foram quase menos 2 minutos.
Resultado: 180º em 354. Um resultado bem próximo do meio da tabela. Nada mau!