quarta-feira, 21 de setembro de 2011

I Triatlo de Lisboa



Depois de uma pausa em termos competitivos em que aproveitei para treinar afincadamente a pensar no meu primeiro Triatlo Longo (que seria em Troia, mas que infelizmente não vai ser), chegava ao Triatlo de Lisboa com o intuito de bater o meu record pessoal. Após Aveiro, ainda fui a Abrantes com pouca motivação, e fiz a Corrida do Bodo (10 km) em Pombal, ambas numa altura que ainda estava em recuperação dos dois Triatlos Olímpicos muito intensos que tive na mesma semana.
O Triatlo começou um pouco mal, já que esperámos muito tempo para entrar no parque de transição. O parque era relativamente pequeno e tivemos que esperar que os participantes na prova lazer retirassem as suas bicicletas. Preferia ter preparado as coisas com maior tranquilidade, mas como era domingo, paciência.
O percurso era bem mais fácil que os anteriores Triatlos Olímpicos em que participei, à excepção da natação onde estaria sujeito a corrente e alguma ondulação.



 Natação (1,5 km)




Tinha treinado bastante este segmento, mas as coisas não correram muito bem. Não apanhei muita confusão e consegui impor um nível confortável preocupando-me com a técnica. No entanto, estava com um problema: os óculos. Apesar de tentar ajustá-los antes da prova, a água entrava muito rapidamente e muitas vezes tinha que abrandar ou parar para os esvaziar. E, enquanto fazia isso nadadores mais lentos iam-me alcançando. Acabei por fazer a natação toda dentro de um grupo passando da frente para a cauda sempre que tirava água dos óculos. Apesar da corrente e pouca visibilidade penso que não cometi grandes erros de orientação, mas vi muita gente claramente fora da rota correcta. Acabei por fazer 34:27, um tempo aquém das expectativas que tinha. Melhorei cerca de 10 segundos nas séries de 100m na piscina e pensei que isso se iria reflectir na prova, mas nem por isso.



1ª Transição


Já no que diz respeito à transição, estou satisfeito com a melhoria. 1:18 (contando com um percurso a pé ainda grande e com o fato para tirar) foi um tempo bem bom. Tive calma para fazer tudo pela ordem correcta e para me começar a pedalar. Pelo meio vi que o meu amigo Jorge Carneiro já tinha saído e que tinha que ir buscá-lo, continuando o duelo que temos mantido ao longo destas provas (ter que competir com alguém mesmo cá para trás, acaba por ser moralizador).

Ciclismo (40 km)


O ciclismo começou um pouco lento. Demorei a colocar os pés dentro dos sapatos e fui ultrapassado por um ciclista do Alhandra e alcançado por outro. Este último era bastante forte e acabei por aproveitar a boleia e criamos um grupo de três. Como eram da mesma equipa, deixei-os fazer o trabalho inicial, mas após o retorno também fui para a frente e o primeiro acabou por descolar. Voltamos a ficar dois, sendo que ele trabalhava um pouco mais do que eu, confesso.
Durante toda a prova soprou um vento muito forte, com algumas variações de intensidade. O vento era lateral, na maior parte do percurso, mas em algumas zonas batia forte de frente ou empurrava-nos pelas costas. Em termos de vento era um percurso engraçado, pois tanto ficávamos parados praticamente como atingíamos grandes velocidades.
Na segunda volta fomos apanhados por um grupo maior e tentámos seguir na roda. Eu acabei por ceder antes do ciclista do Alhandra, já quase no retorno e acabei por ficar sozinho. Entretanto segui com um novo grupo, apanhamos o meu companheiro anterior e depois foi ele a descolar. Num dos retornos acabei por perder o contacto e a partir daí fiz grande parte do percurso sozinho. Com isso a média baixou um pouco, dos 34 km/h para os 33 km/h. Nas zonas em que o vento batia de frente descia até aos 27 km/h e quando estava a favor chegava a andar a 38 km/h.


Após o retorno da penúltima volta fui apanhado por um ciclista do Sporting ou do Golegã (Não consegui perceber) que mesmo sozinho voava bem perto dos 40 km/h. Segui na roda, sem forças para ajudar e chegámos a ultrapassar um grupo sozinhos, sem que ninguém conseguisse colar. No entanto, para meu mal, estava a levar uma volta de avanço, e aquela companhia acabou no final da volta. Com isso, fiquei extremamente perto do Jorge Carneiro. Mesmo sozinho, consigo recuperar rapidamente os 30 segundos que me separam dele e lanço um ataque sem que ele apercebesse (nunca me tinha sentido tanto um ciclista a sério como neste ataque) e não deixo que ele apanhe a minha roda. Sabia que era mais forte do que eu na corrida e que não ia ser grande ajuda no ciclismo, por isso tinha que atacar ali.
O problema foi que no retorno seguinte vi que tinha sido alcançado por um grupo e que pouco depois eu seria o próximo. Não insisti no caminho a solo e fui esperando que eles chegassem. Acabaram por ser só dois ciclistas (um dos quais o meu primeiro companheiro do Alhandra) até que o Jorge fez um forcing para encostar, e assim passámos a ser quatro.
Estavamos a rolar a uma boa velocidade até que furo o pneu, praticamente a 3 km da transição. A estrada era péssima, cheia de irregularidades de piso e buracos e além de mim, muita gente furou. Também notei que perdia algum controlo na bicicleta e que não podia andar muito depressa. Acabei por descolar e fazer o regresso do percurso a 20 km/h. Fui sendo ultrapassado e ainda parei para ver se estava mais alguma coisa mal com a roda já que andava constantemente a derrapar.
Devo ter perdido uns 3 minutos com a brincadeira, mas mesmo assim 1:16:14 não é um tempo muito mau, correspondendo a 31,5 km/h de média.

2ª Transição
Esta foi um pouco lenta. A bicicleta arrastava-se (vi que o pneu se tinha soltado, inclusivamente) e aproveitei para beber bastante a pensar na corrida. 1:11 na segunda transição é um pouco alto, mas também nada que me envergonhe.

Corrida (10 km)


Desde o início senti-me bastante à vontade, talvez porque os últimos quilómetros de bicicleta tenham sido feitos a passear. Ao início estava um bocado longe do meu melhor tempo, mas fui ganhando confiança. Na primeira volta senti os músculos da coxa no limiar da cãibra, mas com o tempo e com a água que deitei por cima começaram a desaparecer.
Fui olhando para o relógio e tentando fazer voltas de 12 minutos, que permitiriam fazer um tempo próximo do meu record. E assim foi, mantive um ritmo contínuo, a dar o que podia e no último quilómetro consegui impor um ritmo mais forte para acabar em 47:21, o meu melhor tempo em 10 km de corrida num triatlo.

Conclusão


Acabei a prova em 2:40:34, menos um minuto que em Pontevedra e com um furo incluído. Uma boa prova, num excelente local para a prática do triatlo à excepção do piso no ciclismo. Tenho pena é de duas coisas que não são tão normais no triatlo cá em Portugal e que merecem os seguintes reparos.
Público: Nunca vi um público tão indisciplinado. Ninguém batia palmas além dos familiares e amigos. Tudo bem, não eram obrigados, mas andar no meio da corrida sem olhar é uma falta de respeito para quem está ali a correr. Fartei-me de gritar e por pouco não ia contra algumas pessoas. Havia muito espaço para passear, porque tinham que ocupar a nossa corrida?
Banhos: Até esta prova sempre pude tomar banho no final. É algo que dá jeito para atletas como nós que vimos do norte e que não gostamos de conduzir 300 km suados e com restos de sal e resíduos do Rio Tejo no corpo e na roupa. Já tomei banhos de água fria, já tomei banhos em instalações que não eram as oficiais e sempre foram simpáticos permitindo algo tão simples e tão humano. Desta vez, não. Só bastante depois da prova soubemos que o banho seria nas instalações de uma equipa conhecida por se manter na primeira divisão por decisões da secretaria. Chegámos lá e ninguém sabia. Na piscina diziam que era no pavilhão, no pavilhão diziam que era no campo de treinos. O campo de treinos estava fechado. Dpeois alguém disse que era no balneário dos árbitros de futebol e, ao fim de uma hora nada. Até que o Jorge se lembrou de pedir à equipa do Modicus, que ia jogar futsal no pavilhão, para usar o seu balneário enquanto jogavam. E, a solidariedade nortenha veio logo ao de cima: Podem tomar à vontade. Logo aí se viu a diferença entre os dois clubes.
Só que, o segurança do pavilhão disse logo que não podíamos, e que ali não entrávamos. Pelo meio de alguma discussão, o homem lá foi falar com um superior que nos abriu finalmente um balneário extra que existia do outro lado do pavilhão e pudemos tomar banho ao fim de quase duas horas. Sinceramente não percebo este tratamento de um clube que se diz grande e que se comprometeu a ceder instalações para os triatletas tomarem banho. É que nem todos são de Lisboa e podem ir a casa tomar banho. Uma situação a rever.

PS: Um obrigado à Leonor pelas excelentes fotos que tirou.