
A São Silvestre do Porto deste ano foi uma prova para esquecer. É certo que apenas participei nesta prova para treinar, mas existia a possibilidade de bater o meu recorde (46:42 em 2004) e foi com esse semi-objectivo que parti para a prova. Por outro lado sempre adorei esta prova, correr à noite é, para mim, sempre um prazer.
Como o tempo não estava grande coisa, apenas saí de casa por volta das 17h. Meia hora para ir nas calmas e estacionar, meia hora para ir buscar o dorsal e pô-lo na camisola e meia hora para aquecer, parecia-me minimamente aceitável. Não fui antes porque não fazia sentido, pelo menos para mim, ficar muito tempo ao frio e à chuva parado, até porque já tive como recordações desta prova valentes constipações. Aliás, esta metodologia das 3 meias horas veio sendo utilizada por mim nos últimos anos sem qualquer problema.
Tudo corria bem até chegar ao gabinete do munícipe às 17h36 (tive preocupação em olhar para o relógio nessa hora) onde vi que se formava uma pequena multidão em fúria e um segurança que não deixava entrar ninguém. Ninguém mais podia levantar os dorsais e ninguém mais levantou. De facto, estava escrito numa folha A4 à entrada do gabinete que a entrega de dorsais fechava às 17h30. Também estava isso escrito na página da internet e nas folhas de inscrição da sportzone.
Em primeiro lugar, o facto de eu não ter podido levantar o dorsal é minha culpa e já aprendi que para a próxima devo ter mais cuidado com estas coisas. Permitam-me, no entanto, fazer algumas críticas à forma como isto se processou:
1. Como se pode constatar , pelo menos em
2007 (este foi o único ano em que consegui o arquivo das páginas da prova) podia-se levantar os dorsais até 30 minutos antes do início da prova, por isso é normal que muita gente que já foi à prova noutros anos nem sequer olhasse para as horas de entrega dos dorsais. Criou-se uma rotina e seguiu-se essa rotina.
2. A irredutibilidade da organização não me pareceu a mais adequada. Pôr um segurança a impedir a entrada de atletas que apenas estavam 5 minutos depois da hora e quando ainda havia outros atletas a sair com dorsais não me parece muito simpático. Ainda para mais porque vi pessoas de longe (um grupo de atletas de Viseu, por exemplo) que já tinham pago a inscrição, tal como eu e que fizeram a viagem para nada.
3. Numa altura em que a tecnologia permite ter chips nos dorsais e que funciona tudo tão bem, não percebo porque fecham a entrega destes tão cedo. Estar, no mínimo, uma hora à chuva e ao frio antes de começar a prova não faz qualquer sentido. Muito menos faz sentido antecipar a hora de fecho de uns anos para os outros. Se antes se podia levantar até às 18h, porque mudaram para as 17h30 e se mantiveram irredutíveis para quem chegou às 17h35? E já que fecham mais cedo porque não permitem levantar no dia anterior?
Na altura disseram-nos para correr na mesma, que ninguém nos impedia. Cheguei a pensar ir embora, mas como já tinha planeado um treino deixei-me ficar. Pensei também em depois ir a Santo Tirso ou a Ermesinde e bater lá o recorde (hipótese que continua de pé), mas também pensei em deixar de ir a provas de atletismo e dedicar-me apenas ao triatlo. Não sei, vou pensar um pouco mais e depois decido-me. Certo é que mudei a minha opinião sobre a organização desta prova.
Fiz o meu aquecimento, onde encontrei o
Mark Velhote e partilhamos alguns minutos de conversa mas, e como não tinha dorsal, não permitiram a minha entrada na corrida. Teria que aguardar pela partida e depois deixavam-me passar as barreiras. Por fim, às 18h29, com a mesma multidão que estava junto ao Gabinete do Munícipe, lá nos deixaram entrar para o final do pelotão e começar a corrida junto às pessoas que iriam fazer a caminhada.
Demorei 1m11s a chegar à partida e só em Sá da Bandeira consegui atingir a velocidade cruzeiro. Foram alguns minutos perdidos e tive que puxar muito por mim para atingir a marca que eu queria.
Por um lado, partir em último e ultrapassar centenas de corredores dava alguma moral, mas o esforço elevado da primeira volta transformou-se em algum cansaço na segunda volta. Acabei em 48m00s, o que, caso tivesse dorsal dar-me-ia o 709º lugar em 1869 participantes.
Posso não ter batido o recorde, mas ultrapassei mais de 1000 atletas, o que não é mau de todo. Consegui tirar 8 minutos ao tempo do ano passado e mais de 5 minutos ao tempo de há dois anos, mas soube a pouco. Em condições normais teria feito um tempo na ordem dos 45 minutos e fiquei sem esse recorde.
Já agora, em 2004 estávamos com obras nos Aliados, alguém sabe se o percurso era mais curto? O meu tempo nesse ano ainda é um mistério.