E para o regresso, nada melhor que falar no Europeu de Triatlo, que se realizou em Pontevedra.
Sim, um Europeu!
Sim, mais perto de casa do que 90% das provas nacionais!
Uau, não podia falhar!
Mas, espera lá, nunca fui convocado para a selecção, por isso não vou poder ir.
Esta última frase seria verdadeira se estivéssemos a falar de outro desporto qualquer. Mas isto é o triatlo, um desporto em que qualquer um pode participar num europeu e num mundial, nos chamados Grupos de Idade... Até um manco como eu!
Para quem não sabe, para além das elites existe um Europeu para escalões etários de 5 anos e em cada um destes grupos, cada país pode inscrever 20 triatletas. A prova é em tudo semelhante à principal, com pequenas diferenças quase imperceptíveis.
Acabado de fazer 30 anos, o meu Grupo de Idade era dos 30 aos 34 anos, o segundo a partir, às 8:05 da manhã (espanholas). Os meus objectivos não podiam ser muito altos. O primeiro seria bater o meu melhor tempo, em Setúbal no ano passado, o segundo seria não ser o último no meu GI, o terceiro não ser o pior português do meu GI e o quarto ficar à frente do meu amigo Jorge Carneiro.
Uau, não podia falhar!
Mas, espera lá, nunca fui convocado para a selecção, por isso não vou poder ir.
Esta última frase seria verdadeira se estivéssemos a falar de outro desporto qualquer. Mas isto é o triatlo, um desporto em que qualquer um pode participar num europeu e num mundial, nos chamados Grupos de Idade... Até um manco como eu!
Para quem não sabe, para além das elites existe um Europeu para escalões etários de 5 anos e em cada um destes grupos, cada país pode inscrever 20 triatletas. A prova é em tudo semelhante à principal, com pequenas diferenças quase imperceptíveis.
Acabado de fazer 30 anos, o meu Grupo de Idade era dos 30 aos 34 anos, o segundo a partir, às 8:05 da manhã (espanholas). Os meus objectivos não podiam ser muito altos. O primeiro seria bater o meu melhor tempo, em Setúbal no ano passado, o segundo seria não ser o último no meu GI, o terceiro não ser o pior português do meu GI e o quarto ficar à frente do meu amigo Jorge Carneiro.
Rumamos a Pontevedra na véspera, já que o check-in era antecipado e assim pudemos fazer coisas interessantes como apoiar os nossos triatletas nas provas de elite e paratriatlo, conviver um pouco e tirar umas fotos de grupo. Foi este o magnífico grupo presente.
No dia da prova, apesar de estarmos à mesma longitude do Porto, tínhamos uma hora de diferença, pelo que iríamos partir às 7 da manhã portuguesas e tivemos que acordar às 5:30. A essa hora só estavam nas ruas pessoas a acabar uma grande noitada e senhores com um fato de borracha às costas. Um cenário, no mínimo, estranho. Chegámos ao local, pusemos as últimas coisas no sítio e toca a ir para a água.
Natação (1.500m)
Na véspera cheguei a pensar que não seria necessário usar fato, tal o calor que se sentia (ver foto), mas no dia da prova a temperatura estava a 18ºC (normal, às 6 e tal da manhã portuguesas). O fato não me dava muita confiança, já que em todos os triatlos sprint deste ano tiinha feito tempos acima dos 16 minutos. Sentia que a minha técnica era prejudicada e que a braçada não me saía bem.
Desta vez tomei uma opção diferente. Puxei ao máximo as mangas para trás. E não podia ser melhor opção, como veremos. A minha série, 30-34 foi a segunda a partir, 5 minutos após os grupos mais jovens, e incluía 42 triatletas. Era desde logo uma vantagem, nada de confusão como acontece sempre em partidas com mais de 400 participantes como aquelas a que estou habituado. Outra vantagem é que, ao contrário das elites, partíamos dentro de água, o que a avaliar pelo salto que dei da plataforma no dia anterior quando fazia o reconhecimento das águas locais me beneficiava bastante.
O tiro de partida deu-se a foi a saída mais tranquila desde que participo em provas de triatlo, os mais fortes foram à vida deles, os médios também e eu também fui andando e até deixei alguns nadadores para trás. Senti grande facilidade em fazer respiração a cada três braçadas alternando com duas a duas em alturas que o fôlego ou a orientação não estavam a funcionar. Acabei por alcançar um grupo de dois e mantive um nadador do lado direito e outro do lado esquerdo, assim, se ali memantivesse passaria bem por todas as bóias. E assim foi até à outra ponta do percurso (que era uma ida e volta de 750m para cada lado). Foi nesse local que começámos a ser ultrapassados pelos primeiros da série que partira 5 minutos depois. Na altura olhei para o relógio e andava nos 14 minutos e qualquer coisa, o que era um bom tempo. Quando virámos a bóia de regresso coloquei-me nos pés de um nadador do meu grupo experimentando o seu "cone de aspiração" e a coisa também funcionou. Mantive-me aí, nadando com facilidade e tentando puxar o máximo de água possível para trás. A certa altura tentei seguir os pés de um nadador mais forte do grupo que partira depois, mas aí já era muita fruta para mim. Continuei lado a lado com o meu colega anterior, mas a ganhar algum terreno e cheguei às escadas da saída com bastante à vontade. Saí como se apenas tivesse feito um pequeno aquecimento e quando estou a subir as escadas, pensei que devia estar próximo dos 32 minutos que tinha feito em Aveiro na minha melhor natação em triatlos olímpicos. Mas não, olho para relógio e estava nos 29:30, tendo chegado ao Parque de Transição com 29:43, com quatro atletas do meu grupo de idade atrás e outro pouco à minha frente. A transição foi demasiado longa, o parque era muito grande mas 3 minutos é demasiado, tendo em conta que os primeiros demoraram 1:50.
Ciclismo
Foto: João Correia
O ciclismo nesta prova era durinho e eu já sabia. Duas voltas em que metade era sempre a subir, um retorno no topo e, como é óbvio, outra metade sempre a descer. Andar na roda era proibido e todos os ciclistas cumpriam esta regra.
Motivado com a boa natação e sem qualquer ponta de cansaço comecei a puxar bastante mantendo em linha de vista colegas de grupo etário. Mantinha-me igualmente perto de bons nadadores do Grupo de Idade anterior que tinham o mesmo rendimento que eu na bicicleta. Entre esses destaco um português que me acompanhou toda a prova, umas vezes à frente e outras atrás. Fiz algumas ultrapassagens na primeira subida mas fui mais vezes ultrapassado, sobretudo por ciclistas em bicicletas de contra-relógio. Mantive um bom ritmo sempre em pedaleira grande, à excepção do quilómetro mais duro, feito a 8%.
Mesmo antes do retorno encontro o Jorge Carneiro junto do lado contrário, estava a um minuto dele e tinha partido 5 minutos antes. Tinha 4 de vantagem e com um forcing podia encontrá-lo. O pior é que a seguir vinha uma descida longa e eu sou um pouco medricas. De qualquer forma desci sempre acima dos 50 km/h, tendo passado os 60 km/h nalgumas zonas mais inclinadas. De vez em quando dava um cheirinho ao travao para me sentir mais seguro. Aproveitei para beber e engolir um pacote de gel, que foi suficiente para o resto da prova. Não perdi muito tempo mas também não ultrapassei ninguém. Cá em baixo, comecei a sentir o apoio do público, com bandeiras de Portugal e a gritar por mim. Foi aí que senti, pela primeira vez, que estava numa prova diferente.
Nova subida e agora podia ultrapassar mais triatletas, dos escalões mais velhos e dos femininos que iniciavam a primeira volta. Pouco depois alcançava o Jorge. Ainda perguntei o que estava a fazer ali e ele disse para eu ir à minha vida. E fui, continuando a ganhar-lhe tempo. Voltei a descer, hidratando-me e sendo ultrapassado por italianos e suiços de 40 e 50 anos que andavam a 70 ou 80 km/h como se não fosse nada. Cá em baixo, novamente o público, tempo para me descalçar e entrada no parque de transição. O tempo final 1:18:07 corresponde a uma média acima dos 30 km/h, o que para mim é bastante bom num percurso sem grupos, bem duro, mas também com descidas rápidas. Mesmo assim apenas fui melhor que três outros ciclistas, pelo que fiz melhor na natação que no ciclismo (pela primeira vez?). Por fim, mais uma transição demorada. Aproveitei para beber bastante porque a água geralmente não me cai bem na corrida e para calçar meias de modo a prevenir as bolhas. O resultado foram 2:23, a pior das transições do meu Grupo de Idade. E quando eu saía do parque estava o Jorge a entrar, o que significava que tinha perdido algum tempo para ele.
Corrida
Foto: Pedro Gomes
A corrida desta prova foi o melhor momento da minha "carreira" desportiva. Já participei em provas de basquetebol, andebol, ciclismo, futsal, berlinde e levantamento do copo e nunca tive esta sensação. Correr pelo meio da multidão que gritava por Portugal e pelo meu nome é espectacular. E todos os portugueses que lá estavam foram fantásticos, incluindo alguns triatletas de renome.
O percurso não era nada fácil, uma ligação algo longa do parque até à primeira volta, uma subida durinha longa e duas pequenas subidas mais para o final. Ao todo, quatro voltas mais a dita ligação.
Não me senti muito mal após a transição, lancei um ritmo confortável e, ao sair do parque vi que se acabasse a prova em menos de 58 minutos batia o meu recorde pessoal. Tentei, por isso, apontar para algo próximo dos 5 min/km para fazer uma boa marca, tentando também defender-me do Jorge que vinha atrás de mim. Não sabia em que lugar estava no meu grupo de idade, e como os dorsais estavam virados para a frente era difícil procurar adversários directos. Na primeira subida comecei a sentir alguma dor de burro, pelo que depois a descer tentei poupar-me um pouco. O Jorge também cedo passou por mim, a grande velocidade e ao ritmo que ia tornava-se agora difícil manter a vantagem. Dei-lhe força para uma boa corrida. Mas não só a ele, porque continuamente cruzava-me com portugueses transmitindo-lhes força e sendo correspondido. Foi um excelente espírito de grupo naqueles momentos.
No fim da primeira volta vi que estava bem dentro dos 12:30, ou seja, abaixo dos cinco minutos por quilómetro. Na segunda volta também reparei que um austríaco do meu grupo de idade estava cerca de 200 metros à frente e que podia ganhar um lugar. Mais tarde, na subida, em lugar da dor de burro começava a sentir cãibras, mas a multidão que estava no topo era o meu doping, quando lá chegava e gritavam por mim, a sensação de cãibra passava. O mesmo aconteceu na terceira volta. Mas o austríaco mantinha-se teimosamente à mesma distância.
Foto: Pedro Gomes
Na quarta volta esqueci as dores, o público empurrava-me literalmente e sabia que estava perto de um tempo a rondar as duas horas e 45 minutos. Mas ainda foi melhor. Fiz um quilómetro final forte, entrei na pista de atletismo, o maldito austríaco lá se mantinha, dou a meia volta da praxe e termino com 2:42:32. Ainda melhor do que fui calculando ao longo do percurso. O tempo total de corrida foi de 49:19 e pior que eu apenas o Pedro Brandão que ultrapassei, sem saber que era do meu grupo na terceira volta. Apesar de ser um tempo pior que os restantes atletas, foi o melhor até agora no atletismo de um triatlo desta distância. Por sinal, o percurso até tinha mais de 10 km, pelo que consegui superar largamente o 5 min/km.
Resultado final
Quase todos os objectivos foram cumpridos. Tirei mais de oito minutos ao meu melhor tempo, fiquei em 39º em 43 à partida (2 desistiram) e ficou atrás de mim um português e... o austríaco, que afinal estava prestes a levar uma volta de avanço. Acabei por fazer mais 42 segundos que o meu amigo Jorge Carneiro, por isso esse objectivo ficou aquém. Ele fez uma corrida estrondosa, vindo de trás e ainda ganhando 5 minutos, por isso bem que mereceu!
Foi uma prova memorável em todos os aspectos e, mais uma vez, obrigado a todos os triatletas e espectadores que proporcionaram o momento mais alto da minha vida desportiva!
Resultados aqui.
No dia da prova, apesar de estarmos à mesma longitude do Porto, tínhamos uma hora de diferença, pelo que iríamos partir às 7 da manhã portuguesas e tivemos que acordar às 5:30. A essa hora só estavam nas ruas pessoas a acabar uma grande noitada e senhores com um fato de borracha às costas. Um cenário, no mínimo, estranho. Chegámos ao local, pusemos as últimas coisas no sítio e toca a ir para a água.
Natação (1.500m)
Na véspera cheguei a pensar que não seria necessário usar fato, tal o calor que se sentia (ver foto), mas no dia da prova a temperatura estava a 18ºC (normal, às 6 e tal da manhã portuguesas). O fato não me dava muita confiança, já que em todos os triatlos sprint deste ano tiinha feito tempos acima dos 16 minutos. Sentia que a minha técnica era prejudicada e que a braçada não me saía bem.
Desta vez tomei uma opção diferente. Puxei ao máximo as mangas para trás. E não podia ser melhor opção, como veremos. A minha série, 30-34 foi a segunda a partir, 5 minutos após os grupos mais jovens, e incluía 42 triatletas. Era desde logo uma vantagem, nada de confusão como acontece sempre em partidas com mais de 400 participantes como aquelas a que estou habituado. Outra vantagem é que, ao contrário das elites, partíamos dentro de água, o que a avaliar pelo salto que dei da plataforma no dia anterior quando fazia o reconhecimento das águas locais me beneficiava bastante.
O tiro de partida deu-se a foi a saída mais tranquila desde que participo em provas de triatlo, os mais fortes foram à vida deles, os médios também e eu também fui andando e até deixei alguns nadadores para trás. Senti grande facilidade em fazer respiração a cada três braçadas alternando com duas a duas em alturas que o fôlego ou a orientação não estavam a funcionar. Acabei por alcançar um grupo de dois e mantive um nadador do lado direito e outro do lado esquerdo, assim, se ali memantivesse passaria bem por todas as bóias. E assim foi até à outra ponta do percurso (que era uma ida e volta de 750m para cada lado). Foi nesse local que começámos a ser ultrapassados pelos primeiros da série que partira 5 minutos depois. Na altura olhei para o relógio e andava nos 14 minutos e qualquer coisa, o que era um bom tempo. Quando virámos a bóia de regresso coloquei-me nos pés de um nadador do meu grupo experimentando o seu "cone de aspiração" e a coisa também funcionou. Mantive-me aí, nadando com facilidade e tentando puxar o máximo de água possível para trás. A certa altura tentei seguir os pés de um nadador mais forte do grupo que partira depois, mas aí já era muita fruta para mim. Continuei lado a lado com o meu colega anterior, mas a ganhar algum terreno e cheguei às escadas da saída com bastante à vontade. Saí como se apenas tivesse feito um pequeno aquecimento e quando estou a subir as escadas, pensei que devia estar próximo dos 32 minutos que tinha feito em Aveiro na minha melhor natação em triatlos olímpicos. Mas não, olho para relógio e estava nos 29:30, tendo chegado ao Parque de Transição com 29:43, com quatro atletas do meu grupo de idade atrás e outro pouco à minha frente. A transição foi demasiado longa, o parque era muito grande mas 3 minutos é demasiado, tendo em conta que os primeiros demoraram 1:50.
Ciclismo
Foto: João Correia
O ciclismo nesta prova era durinho e eu já sabia. Duas voltas em que metade era sempre a subir, um retorno no topo e, como é óbvio, outra metade sempre a descer. Andar na roda era proibido e todos os ciclistas cumpriam esta regra.
Motivado com a boa natação e sem qualquer ponta de cansaço comecei a puxar bastante mantendo em linha de vista colegas de grupo etário. Mantinha-me igualmente perto de bons nadadores do Grupo de Idade anterior que tinham o mesmo rendimento que eu na bicicleta. Entre esses destaco um português que me acompanhou toda a prova, umas vezes à frente e outras atrás. Fiz algumas ultrapassagens na primeira subida mas fui mais vezes ultrapassado, sobretudo por ciclistas em bicicletas de contra-relógio. Mantive um bom ritmo sempre em pedaleira grande, à excepção do quilómetro mais duro, feito a 8%.
Mesmo antes do retorno encontro o Jorge Carneiro junto do lado contrário, estava a um minuto dele e tinha partido 5 minutos antes. Tinha 4 de vantagem e com um forcing podia encontrá-lo. O pior é que a seguir vinha uma descida longa e eu sou um pouco medricas. De qualquer forma desci sempre acima dos 50 km/h, tendo passado os 60 km/h nalgumas zonas mais inclinadas. De vez em quando dava um cheirinho ao travao para me sentir mais seguro. Aproveitei para beber e engolir um pacote de gel, que foi suficiente para o resto da prova. Não perdi muito tempo mas também não ultrapassei ninguém. Cá em baixo, comecei a sentir o apoio do público, com bandeiras de Portugal e a gritar por mim. Foi aí que senti, pela primeira vez, que estava numa prova diferente.
Nova subida e agora podia ultrapassar mais triatletas, dos escalões mais velhos e dos femininos que iniciavam a primeira volta. Pouco depois alcançava o Jorge. Ainda perguntei o que estava a fazer ali e ele disse para eu ir à minha vida. E fui, continuando a ganhar-lhe tempo. Voltei a descer, hidratando-me e sendo ultrapassado por italianos e suiços de 40 e 50 anos que andavam a 70 ou 80 km/h como se não fosse nada. Cá em baixo, novamente o público, tempo para me descalçar e entrada no parque de transição. O tempo final 1:18:07 corresponde a uma média acima dos 30 km/h, o que para mim é bastante bom num percurso sem grupos, bem duro, mas também com descidas rápidas. Mesmo assim apenas fui melhor que três outros ciclistas, pelo que fiz melhor na natação que no ciclismo (pela primeira vez?). Por fim, mais uma transição demorada. Aproveitei para beber bastante porque a água geralmente não me cai bem na corrida e para calçar meias de modo a prevenir as bolhas. O resultado foram 2:23, a pior das transições do meu Grupo de Idade. E quando eu saía do parque estava o Jorge a entrar, o que significava que tinha perdido algum tempo para ele.
Corrida
Foto: Pedro Gomes
A corrida desta prova foi o melhor momento da minha "carreira" desportiva. Já participei em provas de basquetebol, andebol, ciclismo, futsal, berlinde e levantamento do copo e nunca tive esta sensação. Correr pelo meio da multidão que gritava por Portugal e pelo meu nome é espectacular. E todos os portugueses que lá estavam foram fantásticos, incluindo alguns triatletas de renome.
O percurso não era nada fácil, uma ligação algo longa do parque até à primeira volta, uma subida durinha longa e duas pequenas subidas mais para o final. Ao todo, quatro voltas mais a dita ligação.
Não me senti muito mal após a transição, lancei um ritmo confortável e, ao sair do parque vi que se acabasse a prova em menos de 58 minutos batia o meu recorde pessoal. Tentei, por isso, apontar para algo próximo dos 5 min/km para fazer uma boa marca, tentando também defender-me do Jorge que vinha atrás de mim. Não sabia em que lugar estava no meu grupo de idade, e como os dorsais estavam virados para a frente era difícil procurar adversários directos. Na primeira subida comecei a sentir alguma dor de burro, pelo que depois a descer tentei poupar-me um pouco. O Jorge também cedo passou por mim, a grande velocidade e ao ritmo que ia tornava-se agora difícil manter a vantagem. Dei-lhe força para uma boa corrida. Mas não só a ele, porque continuamente cruzava-me com portugueses transmitindo-lhes força e sendo correspondido. Foi um excelente espírito de grupo naqueles momentos.
No fim da primeira volta vi que estava bem dentro dos 12:30, ou seja, abaixo dos cinco minutos por quilómetro. Na segunda volta também reparei que um austríaco do meu grupo de idade estava cerca de 200 metros à frente e que podia ganhar um lugar. Mais tarde, na subida, em lugar da dor de burro começava a sentir cãibras, mas a multidão que estava no topo era o meu doping, quando lá chegava e gritavam por mim, a sensação de cãibra passava. O mesmo aconteceu na terceira volta. Mas o austríaco mantinha-se teimosamente à mesma distância.
Foto: Pedro Gomes
Na quarta volta esqueci as dores, o público empurrava-me literalmente e sabia que estava perto de um tempo a rondar as duas horas e 45 minutos. Mas ainda foi melhor. Fiz um quilómetro final forte, entrei na pista de atletismo, o maldito austríaco lá se mantinha, dou a meia volta da praxe e termino com 2:42:32. Ainda melhor do que fui calculando ao longo do percurso. O tempo total de corrida foi de 49:19 e pior que eu apenas o Pedro Brandão que ultrapassei, sem saber que era do meu grupo na terceira volta. Apesar de ser um tempo pior que os restantes atletas, foi o melhor até agora no atletismo de um triatlo desta distância. Por sinal, o percurso até tinha mais de 10 km, pelo que consegui superar largamente o 5 min/km.
Resultado final
Quase todos os objectivos foram cumpridos. Tirei mais de oito minutos ao meu melhor tempo, fiquei em 39º em 43 à partida (2 desistiram) e ficou atrás de mim um português e... o austríaco, que afinal estava prestes a levar uma volta de avanço. Acabei por fazer mais 42 segundos que o meu amigo Jorge Carneiro, por isso esse objectivo ficou aquém. Ele fez uma corrida estrondosa, vindo de trás e ainda ganhando 5 minutos, por isso bem que mereceu!
Foi uma prova memorável em todos os aspectos e, mais uma vez, obrigado a todos os triatletas e espectadores que proporcionaram o momento mais alto da minha vida desportiva!
Resultados aqui.
7 comentários:
Grande Miguel,
Bem vindo de volta.
Grande prova.
Fico satisfeito por teres cumprido os objetivos quase todos, e que tenhas falhado o último deles :P.
Obrigado pela pressão feita, e pela rivalidade saudável, a continuar assim em Madrid 2012 estaremos a discutir a posição abaixo das 2:30.
Jorge
grande aventura, hein?!
à próxima prometo que talvez vá assistir :-D!
beijinho
leo
Viva,
Em primeiro de tudo Parabéns porque o regresso ao blog foi grandioso! Excelente post!Gostei!
O meu primeiro sentimento foi de tristeza por não ter participado. Depois deste relato ainda mais...
Ao relatares a natação cheguei a sentir as famosas "butterflies" de nervosismo na barriga. Que grande tempo: 29 minutos!
No Ciclismo demonstras grande forma sempre acima dos 30Km tal com tinhas demonstrado em Aveiro no longo. Na corrida foi gerir para bateres o teu record. O Jorge a correr é um leão e continuo sem perceber como é que ele não faz os 10k abaixo dos 40m.
Foi muito bom! Parabéns novamente a todos os tugas que participaram !
1 abraço
Mark
PS: relativamente ao post anterior: chegaste a subir à Torre?
LOL
JCC:
Nós falamos em Aveiro!!
Leo:
Prometes que talvez?? Hmmm que bom!!
Mark:
Acabei por subir a Serra e bater o record. Para o ano começa-se a organziar nova romaria às World Series de Madrid! Espero que dessa vez estejas a postos! As melhoras!
Carrega...!!!! Torres....
Tava a ver que andavas preguiçoso a escrever no blog...
Tu tens um dom fenomenal! Uma prova de 2 horas e 40 minutos, ao ler parece que passou 1 dia. Só faltava a meio de uma das voltas parar na tasca comer uns tremoços e seguir.
Se tiveres mais concentrado na prova e não estiveres a pensar no próximo parágrafo que irás escrever, baixas das 2:30.
Parabéns de qualquer maneira!!
Miguel,
Embora tardiamente, aqui ficam os meus parabéns pela excelente prova que conseguiste fazer e pelo emocionante relato que deixaste.
abraço
MPaiva
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