quinta-feira, 12 de agosto de 2010

IV Triatlo de Aveiro



O Triatlo de Aveiro marcou a minha estreia na distância olímpica. No entanto, a preparação deste triatlo ficou marcada, por um lado, pela morte do meu avô, pouco mais de uma semana antes (curiosamente ele natural de Cacia, Aveiro) e também pelos ensaios de Feupville. Se a segunda questão não fez com que perdesse treinos, no primeiro caso isso aconteceu, por razões óbvias, e logo na semana que marcava o topo da preparação. De qualquer forma nem um nem outro caso seriam desculpas para uma má prestação.
Pelo meio encontro o Rui Pena e o Mark Velhote, que se encontra prestes a iniciar-se nestas lides. Aliás, todas as fotos aqui presentes são do Mark, que quis perceber como funcionam estas coisas vendo do lado de fora. Ah, e gostei do pormenor de termos o nosso nome no Parque de Transição, até parece que somos gente importante.



Natação (1500m)




A água parecia estar limpa. Viam-se peixes e nem pareciam ser taínhas. Até que, de repente, entram 200 mamíferos dentro de água revolvendo todo o lodo acumulado no fundo da Ria de Aveiro. E por baixo do lodo deviam estar acumuladas milhões e estreptococos, enterococos, coliformes fecais, E. coli, para além de tudo o que é Nitratos, Mercúrio, Sulfatos e mais o que quer que seja. De repente a água limpa ficou castanha e o cheiro ficou semelhante ao de uma suinicultura junto ao Rio Lis.
Depois, já não bastava estarmos a nadar pelo meio de todos os tipos de poluição que ainda nos mandaram sair da água e voltar a entrar. Ainda tive a esperança que fossem analisar a água e com o resultado mandar-nos para as piscinas municipais, mas não era mesmo porque havia gente agarrada as boias e à linha da partida.
De qualquer forma isto é um caso de saúde pública, acredito que a água não esteja muito poluída quando fazem as análises,mas com esta gente toda a levantar o lodo, não acredito que a Ria esteja em condições para receber uma prova.
Esquecendo tudo isso, e assegurando que sobrevivi e que não tenho (para já) qualquer sequela de tamanha aventura, passemos então à prova.
Curiosamente, apesar de ser um canal estreito, só sofri um pouco a porrada nos momentos iniciais antes do estreitamento. Descobri que a porrada inicial está muito ligada a dificuldades de orientação e como ali não há problemas os ânimos estavam bem mais calmos. Gostei também da força do público, que estava a poucos metros de distância, algo nada habitual nos segmentos de natação.
Correu-me particularmente bem este percurso. Eram 1.500 metros, algo que nunca tinha feito em competição e por isso não forcei muito. Além disso, ia sem fato o que tornava a coisa teoricamente mais difícil. Mas afinal não. Fiz logo de início respiração a cada três braçadas, atingi um bom ritmo sem querer forçar muito e nos momentos finais do percurso sentia-me tão fresco como numa prova de 750 metros. O tempo final espelha isso: 32:46, o que, tendo em conta que em Peniche e com fato tinha feito 16:02, revela que subi bastante na natação e que me dei muito bem com a nova distância.

Ciclismo (40,8km)




A transição foi feita com mais calma que o costume (talvez demasiada, até) com um tempo de 1:25, ou seja, quase tanto como o que demoro com fato. As coisas devem começar a correr melhor quando chegarem as sapatilhas de triatlo que encomendei, mas pelo que parece na loja estão com problemas a processar o pedido e ao fim de 2 meses nada.
A prova, foi do pior. A fazer lembrar Matosinhos, sem quedas mas com poucas pernas. Não consegui integrar nenhum grupo e passei poucos ciclistas. Era muitas vezes ultrapassado e faltavam-me sempre as pernas. Fiz, por isso, grande parte do percurso sozinho ou com mais um ou outro colega.
Penso que, para além da minha falta de pernas, este percurso correu mal por duas outras razões.
Em primeiro lugar, não olhei para a altimetria, pensando que Aveiro era uma cidade completamente plano. Isso não é bem assim, o percurso era feito de altos e baixos curtos mas muito inclinados, incluindo um viaduto por cima do caminho-de-ferro (que são sempre mais inclinados porque têm que vencer as catenárias).
Em segundo lugar, existiam quatro curvas de 180º, sendo que três delas era chegar a meio de uma rua e voltar para trás e noutra era uma rotunda larga. Ou seja o percurso tinha ao todo 24 curvas de 180º, o que me deixou maluco.
Depois da queda de Matosinhos perdi muita confiança nestas curvas e travava demasiado, nessa altura os ciclistas que me acompanhavam ganhavam vantagem e depois tinha que sprintar para os voltar a apanhar, o que raramente acontecia já que poucos metros mais tarde surgia uma nova curva deste tipo.
Depois, com o calor, o bidão que levava comigo não foi suficiente, e nas duas últimas voltas senti muita sede. Devia ter levado dois, por isso, na próxima já sei.
Foi um percurso feito em grande sofrimento e sem qualquer prazer, aquelas curvas e os piques que tinha que fazer desgastavam-me fisica e psicologicamente. Não fiquei nada cliente do percurso, que foi, sem dúvida, o pior que apanhei. Não sei se fará sentido por 24 curvas de 180º num percurso só, talvez haja quem goste, mas eu não, odeio.
Fiz 1:26:27, o que equivale a uma média de 28,3 km/h, uma média fraca, mesmo tendo em conta o tipo de percurso que obrigava 24 vezes a reduzir a velocidade quase aos 0 km/h

Corrida (10 km)

Aproveitei a transição para repor líquidos bebendo meio litro de bebida energética. Demorei 1:35, mas estava mesmo a precisar de algum tempo de recuperação. Contudo, aqui voltei a errar. 10 km sem meias é demasiado, sobretudo com as minhas sapatilhas, que têm tendência a criar bolhas nos pés.
Ao fim de uma volta já estava a ter bastantes dores, e a última volta foi mesmo muito penosa. Basicamente estive a arrastar-me pela corrida tentando acabar o mais depressa possível e com o mínimo de dores.
Quanto ao percurso, era muito mais interessante, também com algumas subidas e passando por zonas com muitas pessoas. Pena que elas pouco ligassem à prova e muitas vezes circulassem a pé pelo meio dos atletas, cheguei mesmo a gritar para algumas pessoas saírem da frente. Mas pronto, o primeiro (o meu colega Pedro Palma) já tinha passado há muito e percebe-se em parte o comportamento.
O tempo final foi fraquinho 52:54, ou seja, acima dos 5 min/km. Malditas bolhas nos pés!!

Resultado Final
Tudo somado: 2:55:09, o que ficou aquém das expectativas. Apontava para fazer no mínimo menos 10 minutos do que fiz. Eu sei que foi uma estreia e cometi vários erros de principiante, mas queria chegar a um resultado melhor. Vamos lá ver se em Setúbal com mais experiência consigo melhorar. São essas as minhas expectativas.
Confesso também que as provas sprint me dão mais prazer. Ou então, Matosinhos e esta prova foram apenas excepções. Vamos ver as cenas dos próximos capítulos.
Quanto à prova, como já devem ter percebido foi talvez o triatlo que menos gostei. Em primeiro lugar a poluição (compensada por um percurso realmente interessante). Seguiu-se um percurso de ciclismo muito pouco agradável e com demasiadas curvas apertadas e tudo acabou num percurso de atletismo interessante mas com um público pouco cooperante. Vamos ver se para o ano melhoram (pelo menos em relação à poluição isto tem que melhorar, sob pena de receberem apenas meia dúzia de triatletas.

5 comentários:

Vitor disse...

Olá,
Parabéns pela participação, com os erros e que aprendemos de prova para prova vai-se evoluindo.
Um dia ate que gostaria de experimentar uma prova dessas, mas o problema e que não sei nadar, vou para duatlo.
Abraço
Vítor

Arzebiu disse...

Relato muito interessante! Eu ainda estou a treinar/mentalizar-me para começar nos sprints, mas gostava de fazer uma distância olímpica a médio prazo.

Como é que sabes onde/quando acontecem estas provas abertas a amadores?

MT disse...

Vítor:

É sempre uma boa opção começar pelo duatlo. Eu próprio estive anos e anos sem experimentar o triatlo por causa da natação. Depois de fazer o primeiro não quis outra coisa. É uma questão de aprender a nadar e depois treinar, treinar e treinar.

Arzebiu:

De facto convém fazer uma série de sprints antes de te aventurares no Olímpico. O calendário de provas está no link abaixo. A maior parte delas está aberta a não-federados (excepto os Olímpicos e os Longos).

http://www.federacao-triatlo.pt/calendario2010.xls

Outwit the devil rushed! disse...

Boas Miguel...

Pois é... a mim também não me correu bem este triatlo de Aveiro.

Mas olha, outros virão... Sei que há malta que prefere mesmo as distâncias Sprint... te hás-de descobrir (eu, para mim, ainda nem sei bem...).

Quanto aos percursos de ciclismo (e corrida também), a FPT não é muito de agradar à malta menos apta (como nós...), sendo normalmente muito afoita a criar dificuldades com percursos técnicos ou duros... Em Setúbal o percurso também é técnico, com curvas, quarteirões e retornos sem parar... Já a corrida, tem uma rampa logo no início que nos rebenta completamente (por onde passamos nas 4 voltas...)... isto se for como no ano passado...

Mas já os Sprints, todos eles têm sempre qualquer dificuldade em que ficamos a pensar que "era mais simples"... parece-me intencional... para serem percursos selectivos, o que acaba por ter a sua graça.

Já nos longos, parece-me que a tendência é mesmo para dificultar ao mínimo... planos e rolante, é como definem os percursos de ciclismo e corrida.

Abraço e até Gaia.

Rui

PS: Vais à Maratona do Porto?

João Plácido disse...

Grande Torres! Não te preocupes, foi só a primeira. Diz-me uma coisa, a prova de 11 de Setembro na Póvoa é igual à do ano passado? É que se for, sou gajo para alinhar!
Abraço.