segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Serra da Estrela

Amanhã uma subida à torre para comemorar a república. Alguém alinha?

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

III Triatlo Cidade de Setúbal




Foto: Paulo Pitarma

No último sábado participei no III Triatlo de Setúbal, o segundo olímpico da minha carreira. Depois de em Aveiro ter empenado de sobremaneira, desta vez a minha táctica era semelhante à do Jesualdo quando jogava fora na Liga dos Campeões. Defender, defender e defender. O resultado é que podia variar. Podia levar os 5-0 do ano passado no Emirates ou empatar 2-2 em Old Traford. Ganhar? É tão provável eu ganhar alguma coisa para além de um empeno como o Jesualdo ganhar em Inglaterra.
A estratégia seria poupar-me na natação, no ciclismo procurar um bom grupo (mesmo que para isso tivesse que esperar por alguém vindo de trás) e na corrida, que tinha uma rampa com 8% de inclinação para repetir em cada uma das 4 voltas, dar o que podia. Dois bidões, dois saquinhos de gel. Nada de aventuras desta vez. E meias. Sim, meias, calçadas logo no início para as bolhas nos pés não me matarem.

Natação (1.500m)

Em Aveiro fiz esta distância sem fato em 32 minutos. Depois talvez tenha pago isso com o cansaço que tive na bicicleta e na corrida (péssimos tempos). Agora ia mais devagar mesmo que me sentisse bem.
Já aqui tinha falado que nos últimos tempos não tinha levado porrada, que a coisa estava a melhorar nesse aspecto. Para a próxima vou ver se fico calado. Soa o tiro de partida, primeira braçada e, logo ali, pontapé na cara. Sim, ao estilo Bruce Lee. Agarro-me à cara, deito a língua na zona e pronto, já tinha aberto qualquer coisa dentro da boca. Engulo a bela água da Foz do Sado para desinfectar e sai avermelhada. Penso dar duas braçadas e voltar para trás, mas pronto, uma pessoa metida dentro de água depois de 350 km não vai desistir logo ali mesmo com a bochecha deslocada. Siga então para a frente. Em último, pois claro.
Talvez tenham sido uns 30 segundos, não faço ideia, mas estava mesmo em último. Não foi por isso que deixei de jogar à defesa. Coloco um ritmo confortável e vou recuperando lugares. Quando contornei a primeira bóia vi que já havia uma série de nadadores para trás. Continuando agora a favor da corrente do Sado, mas a levar com as ondas do mar de lado (que belo momento de poesia este!), cheguei à segunda bóia e é hora de regressar à costa. Como agora tenho a corrente do Rio a bater-me pela direita, vou nadando meio de esguelha. A bóia parece mudar sempre de direcção e eu sempre a fazer o esforço ficar no seu enfiamento. Quando ela fica mais perto, parece que sou empurrado até Sesimbra numa ou duas braçadas. Mas que grande volta que fui dar. E contra a corrente, lá volto até à bóia seguindo a lutar contra o Sado até ao fim da primeira volta.
No início da segunda volta olho para o relógio e vejo 22 minutos (o quê?? está tudo doido??). Não, eram mesmo 22 e tinha que recuperar um pouco. Tento acelerar e alcanço um grupo que vai a uma velocidade confortável. Chego ao terceiro troço novamente e evito chegar novamente a Sesimbra, ou melhor, tento evitar. Passado um bocado já ando por baixo de um barco que estava por lá ancorado, e pouco tempo depois lá estou eu a passar no Portinho da Arrábida empurrado pela corrente. Resultado: lá se foi o grupo e toca a recuperar novamente. Mas em câmara muito lenta, com tanta corrente parecia que não conseguia sair do sítio. Quando chego ao parque de transição: 44 minutos, daí a pressa das pessoas a dizerem para eu passar no tapete que o controlo ia fechar. Pois, parece que escapei por 51 segundos. Que vergonha! 44:09 é mesmo vergonhoso.

1ª Transição e ciclismo (39 km)
Apesar do tempo que fiz na natação, fiz a transição com calma para recuperar do ritmo cardíaco acelerado por causa de um troço contra a corrente. Tirei o fato, calcei as meias e as sapatilhas já estavam nos pedais (sim, já tenho sapatilhas de triatlo). Portanto, está tudo. Começo a correr. E mandam-me parar. Faltava o capacete. E pronto, o meu primeiro stop and go. Com isto, mais um tempo vergonhoso: 2:23 na transição e nem as sapatilhas tinha calçadas.
Quando começo o ciclismo vejo os meus antigos colegas de triatlo. Sim, os do ano passado. Já há muito tempo que não os via. Estava na hora de acelerar. Ao contrário de Aveiro era um percurso pouco sinuoso e com muitas rectas. 5 voltas e um retorno no ponto mais afastado. Era a altura de recuperar tempo (sim, porque com tantos atrasos acabar o ciclismo antes das 2 horas começava a ficar difícil, iria ter que andar acima dos 30 km/h).
Vou por isso para a frente à procura de um grupo de jeito. Vou ultrapassando ciclistas e levando alguns atrás de mim, que se recusam a ir para a frente quando lhes dou passagem. Estava entregue a mim próprio, mas a sentir-me com força.
Alguns tinham medo do paralelo que ia aparecendo em dois troços pelo meio. Mas um homem do norte está habituado a isso. Nós, que para chegar ao alcatrão após 5 quilómetros de paralelo não são umas rectazinhas que nos fazem vacilar. Aliás, o paralelo de Setúbal é bem mais confortável que o alcatrão das estradas da Trofa. O único senão: um bidão que saiu a correr e que nunca mais o vi. Fez-me falta aquela água.
Chego ao final da primeira volta e continuo a puxar. Felizmente surge um corredor vindo de trás (não sei se era da minha volta ou não) e passa para a frente. Felizmente um momento de descanso. Vou na roda dele, e sentia-me bem, apesar do ritmo forte. Depois do retorno, quando sinto a velocidade a esmorecer, vou para a frente, mas ele quase não me deixa, quer puxar ainda mais. Pronto, amigo eu vou na roda, não te preocupes. E lá fui.
Na terceira volta somos alcançados por um grupo grande, que devia ter corredores de várias voltas. Ia a um excelente ritmo e eu estava com forças para encostar. Foram as melhores 2 voltas deste ano. Ali, confortável no centro do pelotão, com gente muito boa a puxar e a passar ciclistas atrás de ciclistas (alguns colavam, como o meu amigo Jorge Carneiro e outros iam perdendo o contacto). No final da minha quarta volta a grande maioria do grupo acaba o segmento e lá vou eu para a frente. Faço quase todo o percurso de ida na frente (às vezes o Jorge ia lá, mas estava mais cansado por ter feito uma parte maior do percurso sozinho) e na vinda mando os meus colegas puxar. Foi um regresso bastante fraco, mas estava na hora de me poupar para a corrida e não estava na hora de fazer maluqueiras. O ritmo decaiu e acabei por entrar à rasquinha antes das duas horas do controlo. Apesar disso, um tempo muito bom: 1:12:42, acima dos 32 km/h. A minha melhor prestação no ciclismo. Ou seja, se tinha perdido 12 minutos na natação para Aveiro, agora recuperei 14 minutos no ciclismo e já não estava numa prova vergonhosa.

2ª Transição e Corrida (10 km)
Não há muito a dizer desta transição. Aproveitei para beber, estava algo desidratado por ter perdido um dos bidões logo no início e voltei a ir nas calmas porque logo a seguir vinham os tais 500m a 8%.
Começo a correr e a subir e sinto-me bem, a transição não me pesa. Na subida começo a impor um bom ritmo e a passar alguns atletas. Chego ao cimo algo ofegante e preparo-me para descer. E aí é que me parece que vai sair tudo pela boca. É a dor nos abdominais (inícios de pubalgia?), é dor de burro, é respiração ofegante, é princípios de cãibras. Bem, é muito pior descer que subir. Reduzo a velocidade, alguns passam-me e encosta-se a mim novamente o Jorge Carneiro. Quando me preparava para dizer-lhe adeus e vai à tua vida, acaba a descida e sou eu que ganho uma nova vida. As cãibras desaparecem e as outras dores vão diminuindo de intensiadade. Sinto-me bem quando volto a subir e volta após volta vou ganhando confiança. Na última ainda vou com forças para um forcing final. Um único problema: bolhas nos pés a aparecer. Ultrapasso 4 colegas (o último o Eurico, meu vizinho no Dragão) com um ritmo de quem quer baixar das 2:50:00 mas já era tarde demais. A corrida foi feita em 50:22. Não foi brilhante foram 2 km a subir a 8%. Também não foi nada mau e tirei quase 3 minutos a Aveiro (onde as bolhas nos pés me afectaram mais).

Resultado final
A aventura custou-me 02:50:52, menos 4:17 que em Aveiro e após uma natação de 44 minutos. 141º lugar em 174 à partida (24 foram eliminados). Com uma natação minimamente aceitável teria baixado do 2:40:00. Mas afinal não fui só eu. Todos tiveram tempos estranhíssimos na natação. Não tão maus, é certo, mas fraquinhos para o habitual. Ao menos isso.
Depois dos empenos nestas distâncias (Matosinhos e Aveiro), finalmente uma prova onde acabei bem e a sentir-me com força. Para a próxima talvez arrisque um pouco mais. Boas indicações para a próxima época. Fiz as pazes com os Triatlos Olímpicos.
Ah, e preciso de sapatilhas novas! Já chega de bolhas!

Uma referência final: Não ficava nada mal à organização alterar os critérios de desclassificação em provas deste tipo. Percebo que as estradas não podem estar muito tempo cortadas, mas no ciclismo também modificam os horários de controlo em função do desempenho dos ciclistas e das dificuldades das etapas. Muita gente fez 700km para ser eliminado e isso não é bom para ninguém. Por fim, os polícias facilitaram um pouco, quer nos atravessamentos, quer com a entrada de um carro no percurso já no final da minha prova. Uma questão a rever.